OS JARDINS,

OU
A ARTE DE AFORMOSEAR AS PAIZAGENS,

POEMA
DE
Mr. DELILLE,
DA ACADEMIA FRANCEZA,

TRADUZIDO EM VERSO
DE ORDEM

DE
S. ALTEZA REAL
O PRINCIPE REGENTE,
NOSSO SENHOR,

POR
MANOEL MARIA DE BARBOSA
DU BOCAGE.

imagem da editora

LISBOA.

NA TYPOGRAPHIA CHALCOGRAPHICA,
E LITTERARIA DO ARCO DO CEGO.


ANNO M. DCCC.

[Pg i]


————Hic inter flumina nota,
Et fontes sacros frigus captabis opacum.

Virg. Eclog. I.

Entre os rios aqui, e as sacras fontes
Gozarás em repouso a sombra amena.


[Pg ii]

Varias pessoas de grande merecimento escrevêrão em prosa á cerca dosJardins. O Author deste Poema colheo dellas alguns preceitos, e atédescripções. Em bastantes passagens teve a dita de encontrar-se comtão bons Escritores, porque este Poema foi começado antes que ellespublicassem as suas obras. Confessa que dá ao prelo com extremadesconfiança huma composição muito esperada, e engrandecida de mais: aindulgencia excessiva, dos que a ouvìrão, lhe agoira a severidade, dosque a lerem.

Este Poema, além disso, tem hum grave inconveniente, o de serdidáctico. Tal genero he necessariamente hum pouco frio, e mais odeve parecer á huma Nação, que lhe custa muito (como se tem observadorepetidas vezes) a tolerar versos, em não sendo os compostos para oTheatro, os que pintão as paixões, ou as baldas dos Homens. PoucasPessoas, digo mais, até poucos Litteratos lem as Geórgicas de Virgilio,e quasi todos, os que aprendêrão Latim, sabem de cór o quarto Canto daEneida.

No primeiro destes dois Poemas, dá o Poeta a entender que sentenão lhe permittirem os limites do seu assumpto cantar os Jardins.Depois de haver lutado longamente com as miudas, e hum tanto ingratasparticularidades da cultura geral dos Campos, a modo que desejarepousar sobre mais risonhos objectos. Mas estreitado no de que trata,vinga-se desta sujeição com hum bello, e rápido esboço dos Jardins, ecom o pathetico[Pg iii] episódio de hum Velho feliz no seu pequeno campo, queelle mesmo cultiva, e enfeita.

O que o Poeta Romano sentia não poder executar, executou o P. Rapin.Escreveo na lingua, e ás vezes no estilo de Virgilio, hum Poema emquatro Cantos sobre os Jardins, que foi mui applaudido, n’um tempo emque ainda se lião versos Latinos modernos. A sua obra não he despidade elegancia; mas quizera-se que abundasse de precisão, e de melhoresepisódios.

De mais, o plano do seu Poema não interessa, não tem variedade. HumCanto he consagrado ás agoas, outro ás arvores, outro ás flores.Adivinha-se o comprido cathalogo, e a enumeração tediosa, que maispertence ao Botanico que ao Poeta: e aquelle passo methódico, que assásprestaria n’um tratado em prosa, he grande defeito n’uma c

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